sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O tamanho do olhar de Deus


Salvem suas emoções, Eu cheguei
Te moldei num barro úmido, 
Permiti que você evoluísse em espécies primatas, e deixei um enigma
meu Universo pintei de um negro quase indecifrável, espirrei gotículas estelares, joguei bolinhas de gude pelo ar com tamanhos e cores variadas, e furei dimensões em buracos de minhoca.
Sou tão você quanto Eu, e ainda sim você precisa de Mim.
Não há nada melhor do que amar o que faz, amar o seu ser e outros seres, mas há gente ruim.
o porquê?
imagina uma casa de móveis iguais
e se você mudasse de constelação?
e se eu te mudasse de dimensão?
E se uma xícara andasse pelo seu corpo num sono profundo?
Pode parecer loucura, é louco sim, mas onde se tem definição de alguma coisa?
Um amplo espaço de vazio, de solidão, de indecisão e de amargura, 
perdoe se e deixe seus amigos te visitarem para uma partida de video game
perdoe-a, e a deixe-a andar pela casa descalça, comendo brigadeiro e olhando as estrelas
perdoem-os pois não sabem o que fazem
matam, julgam, apontam, mas não lavam suas roupas.
Humanos, apenas humaninhos pequenininhos, como formigas, colmeias, formigueiros, plantações inteiras mortas e um ar petrificado...
são só humaninhos, pequenas pecinhas de barro que Eu fiz.
Dá pra salvar metade? ... não depende de Mim ...
Não é só por que os vejo desde sempre
esqueça um pouco seu carro novo, 
esqueça de ouvir aquela sua música
esqueça de ser estressado com o mundo
há tanta coisa para se fazer e pensar sobre Mim, mas
Esta Sala as vezes me pareçe tão pequena e fria que às vezes vou procurar um pouco emoção naquele planetinha azul.... 
Quando eu for tomar um chá com o Sol, e conversar sobre camadas das dimensões
lembrarei com carinho daquela oração que você me fez.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Molotov de Yogurte




Acordaram,

foram pra rua,

gritavam, uns falavam

e outros

Quebraram potes de mel, cabines telefônicas, carros, móveis, lojas, vidros e objetos publicos

Abriram os cofres

desmascararam os "fortes"

travaram avenidas,

levantaram as bandeiras,

gritavam sobre liberdade,

falaram em ordem,

expeliram palavrões,

conseguiram uma vitória, e se conformaram

voltaram a viver pelas ruas

continuaram a cantar normalmente pelas casas

tentaram pegar os onibus como sempre

tentaram pagar os trens

tentaram um lugar pra sentar no metro

tentaram trabalhar honestamente

tentaram comer sem pagar altas taxas de impostos

não conseguiram

e voltaram a dormir

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Táxi



E vem você novamente, rotineiramente

andando pra lá e pra cá

advogadas, sociólogos, pediatras , cozinheiros, milionários,

pescadores, famigerados, desabrigados, curtos caminhos, poetas e músicos, complicados caminhos,

dentistas, médicos, arquitetos, longos caminhos

pontes, postes, mendigos, patricinhas, garotos e garotas, velhos, mecânicos, senhoras com óculos fundo de garrafa, pombos,

hipermercados, drogarias, drogas, chão, asfalto...

e quantas coisas mais? ...sou eu preso nesta cidade para sempre

minha ilha havaiana está muito longe, complicado caminho

rico ou pobre, vivo ou morto-vivo, sobrevivendo em muros cinza

nesta rotina massiva, são vocês e seus destinos, pontes

sou a ponte dos seus destinos

uma aposta cronometrada, num caminho amplo, e você, bela, formosa, chega,

em que eu perco e você leva meu coração, mas deixa um número,

era pra ser assim, um encontro simples com um futuro avassalador...

caminhos do jazz, devaneios do rock, escrituras de violência numa cidade abafada

nesta noite quente,

seremos luzes de madrugada,

gatos nos lixos,

seremos bêbados a luz do luar,

e não saberemos chegar em casa,

estacionaremos num limite de cidades

seremos esgoto, escrotos, seremos árvores de natal...

Seremos prédios iluminados pelos escritórios de contabilidade

um contador querendo se enforcar com seus números...

Serei então sua manhã, com torradas, cerejas e café

Numa manhã ensolarada em lençóis brancos... um cheiro de manga

e você se pergunta ...

como chegaremos neste patamar? ....


domingo, 3 de agosto de 2014

Âncoras



Pesado, um som de um abismo brilhante

modelos passam flashes em melancolia frameadas

câmera lenta e seu olhar ainda é meu refúgio...

há um vento do leste que nos leva pra casa no alto da colina... de madeira e lareira...

um latido, uma rosa e seu perfume nas esferas lisas

árvores mecânicas nos falam de paz,e batalhas espirituais contra baratas voadoras...

enquanto o telefone toca, só pedidos e dinheiro para sua felicidade

mas esperamos mais pelas bolhas de sabão e o grito de papai

não é hora

não é tempo de colheita

são plantações de diamantes verdes, sem essa onda de adeus... limpe suas lágrimas e brinde

um acorde em Sol maior dilacera o meu coração e prende minha respiração

só quando eu ouço sua voz em outra dimensão

não há espaço luminoso para pousarmos ainda

só um heliporto por enquanto amor... por enquanto...