segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Táxi



E vem você novamente, rotineiramente

andando pra lá e pra cá

advogadas, sociólogos, pediatras , cozinheiros, milionários,

pescadores, famigerados, desabrigados, curtos caminhos, poetas e músicos, complicados caminhos,

dentistas, médicos, arquitetos, longos caminhos

pontes, postes, mendigos, patricinhas, garotos e garotas, velhos, mecânicos, senhoras com óculos fundo de garrafa, pombos,

hipermercados, drogarias, drogas, chão, asfalto...

e quantas coisas mais? ...sou eu preso nesta cidade para sempre

minha ilha havaiana está muito longe, complicado caminho

rico ou pobre, vivo ou morto-vivo, sobrevivendo em muros cinza

nesta rotina massiva, são vocês e seus destinos, pontes

sou a ponte dos seus destinos

uma aposta cronometrada, num caminho amplo, e você, bela, formosa, chega,

em que eu perco e você leva meu coração, mas deixa um número,

era pra ser assim, um encontro simples com um futuro avassalador...

caminhos do jazz, devaneios do rock, escrituras de violência numa cidade abafada

nesta noite quente,

seremos luzes de madrugada,

gatos nos lixos,

seremos bêbados a luz do luar,

e não saberemos chegar em casa,

estacionaremos num limite de cidades

seremos esgoto, escrotos, seremos árvores de natal...

Seremos prédios iluminados pelos escritórios de contabilidade

um contador querendo se enforcar com seus números...

Serei então sua manhã, com torradas, cerejas e café

Numa manhã ensolarada em lençóis brancos... um cheiro de manga

e você se pergunta ...

como chegaremos neste patamar? ....


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